MENSAGEM DO PRESIDENTE DO MUNICÍPIO
DE ALCÁCER DO SAL

O Município de Alcácer do Sal, percebendo a importância das suas três bandas Filarmónicas e a relevância do movimento filarmónico nacional que contribui expressivamente para a formação da música de muitos profissionais, iniciou em boa hora o processo do inventário do movimento filarmónico português e património associado.
O Movimento Filarmónico Português, é verdadeiramente extenso por todo o continente e regiões autónomas. A sua história, diversa e motivacional nas suas raízes e na sua fundação, transportam-nos a tempos marcadamente de transformações sociais e políticas e mesmo religiosas que transformou as comunidades locais envolvendo-as com uma mística que ultrapassou gerações. A música, o seu papel principal, uniu gerações de famílias e formou e capacitou para a sociedade portuguesa uma quantidade enorme de músicos profissionais e maestros de renome.

As Filarmónicas, também influenciaram a arquitetura urbana com os seus magníficos Coretos que embelezam ainda hoje e que são presença nos nossos jardins públicos e praças. O vestuário, tão particular de cada uma das bandas, apresenta um multicolor de fardas que ostentam os seus brasões, ora dourados resplandecentes ora nas suas bandeiras e estandartes que enchem de orgulho quem os representa. A sua presença nas localidades é uma mais-valia para quem as requer para nas cerimónias oficiais e para as suas procissões. Ter uma Banda Filarmónica, é ter riqueza e alma, ter sentido de pertença, orgulho para as suas populações.

Reconhecer o valor inestimável do movimento filarmónico é, valorizar a história e dos seus fundadores, das gerações de músicos e maestros é, reconhecer estas escolas musicais “populares” que tanto deram e dão à música atual no nosso país.

Com esta candidatura, a Câmara Municipal de Alcácer do Sal em parceria com a Fundação INATEL, pretende reforçar e valorizar o reconhecimento merecido das Bandas Filarmónicas, as suas associações e os seus elementos e ao mesmo tempo enaltecer a sua história, a sua memória destes autênticos espaços sociais de verdadeira instrução musical.

Uma Candidatura necessária, merecida, que se pretende valorize e reconheça o papel que tantos homens e mulheres que na sua região proporcionaram espaço e momentos do gosto pelo conhecimento da linguagem musical.

O Movimento Filarmónico, propiciou a muitos a possibilidade de experienciar e amar os sons belos das partituras e a experiência de em conjunto afinado, independentemente da sua instrução ou estrato social, de conviver e executar obras de grandes mestres e músicas intemporais.

O Movimento Filarmónico, é assim um património de um valor inigualável único e precioso que importa reconhecer como Património deste Portugal.

Vítor Proença

MENSAGEM DO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA FUNDAÇÃO INATEL

Fundação INATEL, no âmbito da sua missão, apoiou desde os seus primeiros anos de existência enquanto FNAT, a atividade das Bandas Filarmónicas, quer através da organização de Planos de Apoio, quer na organização de formações específicas para músicos e maestros.

Em 2017 a Câmara Municipal de Alcácer do Sal convidou a Fundação INATEL a, conjuntamente, apresentar à UNESCO uma candidatura do movimento filarmónico português à lista representativa do património cultural imaterial da humanidade. A Fundação INATEL aceitou desde logo este desafio na sua qualidade de instituição acreditada pela UNESCO para o Património Cultural Imaterial da Humanidade, mas também, e sobretudo, tendo em conta o importante papel das Bandas como agentes de produção cultural e de produção de conhecimento.

Estas associações, assumiram-se até muito recentemente, em muitos locais, como únicas escolas de música e de saber cívico e social. As bandas filarmónicas civis são uma das marcas mais fortes e perenes, não apenas do associativismo como da disseminação do ensino e da fruição musical em Portugal, mas também em diversas partes do mundo. Portugal possuí, a título de exemplo, cerca de 750 bandas civis em atividade. A sua presença marcou, e marca ainda hoje as aldeias, vilas e cidades através da criação de equipamentos especializados, como é o caso dos coretos que estruturam muitos dos jardins urbanos assim como os adros das igrejas, capelas e ermidas.

A sua distribuição por todo território português, continental e insular, permite hoje, ainda, o ensino da música e a sua prática, assegurando também a continuidade musical das festas religiosas e seculares.

Contamos que esta candidatura, coordenada pelo Antropólogo Paulo Lima, seja formalmente apresentada no próximo ano e não poderíamos deixar de associar a esta importante ação para a Filarmonia, em jeito de merecida homenagem.

Francisco Madelino